Devoção

A série “Devoção” é composta por fotografias autorais que exploram a força simbólica e universal da fé por meio de imagens sacras de diferentes crenças. Karin Brenner tece, com sua lente, um diálogo visual entre o Oriente e o Ocidente, revelando a complexa tapeçaria da espiritualidade humana, onde as fotografias atuam como janelas para as manifestações da devoção, um convite à contemplação da diversidade das práticas religiosas ao redor do mundo.

A série vai além da simples representação iconográfica, capturando os elementos sensíveis e subjetivos que permeiam as expressões de fé, reverência e transcendência. A busca pelo sagrado, presente em todas as tradições, se desdobra nas imagens como uma força que conecta o indivíduo a algo maior. Brenner evidencia, em suas fotografias, o mistério e o silêncio que envolvem as imagens sacras, propondo ao observador um espaço liminar que flerta entre arte e sagrado.

O contraste entre as fotografias ressalta as diferentes formas de visualidade e simbolismo que cada cultura atribui ao divino. Enquanto as tradições ocidentais, frequentemente associadas ao cristianismo e às religiões abraâmicas, enfatizam o sofrimento redentor e a iconografia corporal, as tradições orientais, como o budismo e o hinduísmo, tendem a valorizar o equilíbrio, a harmonia e a abstração do eu em direção ao cosmos. Com esse olhar, Brenner revela que, em sua essência, a devoção transcende fronteiras geográficas e culturais. Seja na quietude meditativa de uma estátua de Buda ou na intensidade de uma imagem de Cristo crucificado, o ato de fé é capturado em sua universalidade.

Sociologicamente, “Devoção” reflete sobre o papel das imagens sacras como símbolos que orientam comportamentos, valores e a coesão social. Antropologicamente, as fotografias ressaltam como os rituais e os símbolos de fé se entrelaçam com a identidade cultural e a experiência humana do sagrado. A série, assim, se posiciona como uma investigação visual das múltiplas formas de conexão espiritual, revelando a devoção como um elo entre o humano e o divino, independentemente de onde ou como se manifeste.